Sustentabilidade e Cultura Regenerativa

Você já deve ter ouvido falar neste conceito sendo aplicado em algum produto, serviço ou hábito que adotamos em nosso dia-a-dia. Mas o que significa esse conceito?

Não há como falarmos em sustentabilidade sem antes procurarmos entender o significado de um outro conceito muito utilizado quando se fala em sustentabilidade. Meio-Ambiente.

Meio ambiente pode ter diferentes significados dependendo da perspectiva pela qual o observamos: Podemos entender como o meio natural, físico, químico, biológico. mas também o meio criado e transformado pelo ser humano e, quando falamos na nossa espécie, este conceito ganha um novo elemento, o fator cultural e como este fator condiciona nossa percepção modos de nos relacionarmos com este meio.

Por definição, podemos entender o meio ambiente como o “ conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (RESOLUÇÃO CONAMA nº 306 de 2002)

Não há como falarmos em sustentabilidade sem antes entendermos que nós não estamos no meio ambiente, nós somos o meio ambiente.

Ok, agora que nós já tratamos sobre isso, vamos procurar entender o que significa sustentabilidade. 

Primeiramente, assim como meio ambiente, o conceito de sustentabilidade é um conceito em construção e que pode possuir diferentes significados. Sendo assim, gostaria de compartilhar com vocês algumas reflexões propostas por diferentes pensadores.

Em Sustentabilidade, o que é, o que não é, o Teólogo e Filósofo Leonardo Boff, oferece para nós algumas reflexões importantes acerca dos aspectos culturais da construção deste conceito

Para Boff, a “categoria sustentabilidade constitui um dos fundamentos do novo paradigma civilizatório” sendo “central para a cosmovisão ecológica”(BOFF, L., 2014). Entretanto,o entendimento popular que se tem acerca do tema é condicionado por visões de mundo hegemônicas, como o capitalismo. 

Sendo assim, é muito comum associarmos o entendimento de sustentabilidade ao de desenvolvimento sustentável, definido como o “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Entretanto, como propõe o autor, é importante entendermos que este último é carregado de condicionamentos culturais. Na medida que não parte de uma autocrítica acerca do papel do nosso modelo de desenvolvimento no atual cenário socioambiental. 

Sendo assim, podemos entender que a construção deste conceito nasce de uma ruptura paradigmática, ou como define o economista mexicano Enrique Leff, uma nova racionalidade, Ambiental, que ao invés de buscar “internalizar as condições ecológicas da produção, mas proclamar o crescimento econômico como um processo sustentável, firmado nos mecanismos de livre mercado como meio eficaz de assegurar o equilíbrio ecológico e a igualdade social.” (LEFF, E. apud CALGARO, C. , 2006)

Para tanto, alcançar a sustentabilidade exige uma nova compreensão acerca da nossa forma de nos relacionarmos com o meio ambiente e a aplicação desta nova compreensão em uma nova lógica econômica, que atue de forma integrada à natureza e não tratando-a como um produto a ser explorado. 

Mas como será que podemos auxiliar na promoção destes novos modelos de pensamento e economia? A partir de uma educação para a complexidade, que entenda o mundo, como propõe o sociólogo Edgard Morin, como um  “tecido  de  acontecimentos, ações,   interações,   retroações,   determinações,   acasos,   que   constituem nosso mundo fenomênico” (MORIN, E. apud ROCHA, J.C.M.; LUZIO – dos – SANTOS, L. M., 2020)

Ou seja, entender que o mundo é um tecido que conecta as diferentes dimensões do meio em que habitamos, como a dimensão social, política, econômica, cultural, territorial, tecnológica e como todas estas se influenciam e influenciam a dimensão ecológica.

Pois bem, como podem ver, o conceito de sustentabilidade ainda está em constante mudança, assim como nós seres humanos, entretanto, uma coisa é certa. Buscar atuar de maneira mais sustentável exige repensarmos as nossas relações e assumirmos que somos uma espécie em um mundo complexo, em que tudo é interconectado, interdependente!

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Referências:

BOFF, Leonardo. História da sustentabilidade. 2008. Disponível em: http://www.mobilizadores.org.br/wp-content/uploads/2014/05/coletanea-artigos_boff.pdf

CALGARO, Cleide. Sustentabilidade, Racionalidade e Consumo: As Faces do Poder. Disponível em: https://www.ucs.br/ucs/tplSemMenus/eventos/seminarios_semintur/semin_tur_4/arquivos_4_seminario/GT05-5.pdf

ROCHA, J.C.M.; LUZIO – dos – SANTOS, L. M. Sustentabilidade Complexa: o discurso de sustentabilidade sob a perspectiva do Pensamento Complexo de Edgar Morin. Disponível em: https://periodicos.furg.br/remea/article/view/9789/7321

RESOLUÇÃO CONAMA nº 306 de 2002

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